segunda-feira, 21 de outubro de 2013

ANÁLISE DOS PLANOS CINEMATOGRÁFICOS DO FILME 8 MILE

ANÁLISE DOS PLANOS CINEMATOGRÁFICOS DO FILME 8 MILE
ANALYSIS OF THE CINEMATOGRAPHIC PLANES ON THE MOVIE 8 MILE


Olivia Mamede
Graduação em Design pela Universidade Federal de Uberlândia
oliviamamede@hotmail.com
Sabrina Arlene
Graduação em Design pela Universidade Federal de Uberlândia
s-arlene@hotmail.com
Shyrlene Mendonça
Graduação em Design pela Universidade Federal de Uberlândia
shyrlenemendonca@hotmail.com
Suelen Silva
Graduação em Design pela Universidade Federal de Uberlândia
sueleen_hta@hotmail.com
Thais Freitas
Graduação em Design pela Universidade Federal de Uberlândia
ladythaiyz@hotmail.com

RESUMO

O objetivo desse estudo é analisar a construção do filme 8Mile: Rua das Ilusões, de Curtis Hanson, com foco nos planos cinematográficos usados. Diante dos diversos planos existentes, será feita uma análise de tais e assim identificá-los no filme. E em seguida concluir a influência causada sobre o olhar do observador.

Palavras-chave: planos, cinematográficos, eminem, 8mile, semiótica.



ABSTRACT

The aim of this study is to analyze the construction of the movie 8mile: Street of Illusions, Curtis Hanson, focusing on plans film used. Given the various existing plans, an analysis will be made of such and so identify them in the film. And then conclude the influence caused on the eye of the beholder.

Keywords: plans, cinematographic, eminem, 8mile, semiotics.




1. INTRODUÇÃO

             Neste trabalho serão analisados os planos cinematográficos que compõe o filme intitulado de 8Mile:
Rua das Ilusões, de Curtis Hanson. O filme trata-se de um enredo baseado na vida de um rapper americano, chamado Eminem, que interpreta Jimmy.
Segundo LOTMAN,
“O mundo do filme, fraccionado em planos, permite-nos isolar qualquer pormenor. O plano adquire liberdade da palavra: pode ser destacado, combinado com outros planos segundo as leis da associação e da contiguidade semânticas, e não naturais, pode empregar-se num sentido figurado, metafórico ou metonímico.” (LOTMAN, Yuri. 1978. Pg 46.)
Desta forma, o plano tem grande influência no filme, pois é ele que posiciona o olhar do espectador para o foco de cada cena, podendo ressaltar emoções. Assim, os planos podem ser classificados: quanto à distância entre a câmera e o objeto filmado, quanto à duração, quanto ao ângulo vertical, quanto ao ângulo horizontal e quanto ao movimento. Portanto, cada tipo de plano influencia em diferentes formas de interpretação das cenas mostradas no filme, e isso será analisado dentro do filme “8mile”.



2. DESENVOLVIMENTO


A história de 8Mile se passa nos subúrbios de Detroit, retratando a vida de um jovem que luta pelo sonho se tornar um rapper famoso, mas enquanto isso passa por conflitos em casa, no trabalho e nas ruas. Os planos são usados a favor dessa dramaticidade, dando uma expressão maior ao filme.

Os planos também ajudam a contar histórias dos filmes, a câmera explora o espaço cinematográfico. Como exemplifica LOTMAN,

O plano enquanto unidade discreta tem um duplo sentido. Por um lado, introduz simultaneamente a descontinuidade, a segmentação e a medida no espaço e no tempo cinematográfico.”. (LOTMAN, Yuri. 1978. Pg 46.).

Em um filme, um bom enquadramento depende de três elementos: o plano, a altura do ângulo e o lado do ângulo. Além de ser uma noção da estrutura do filme, o plano também é o principal componente do enquadramento. Basicamente, poderíamos dizer que escolher o plano é determinar qual é distância entre a câmera e o objeto que está sendo filmado, levando em consideração o tipo de lente que está sendo usado.

Determinar qual é o plano que será rodado é responsabilidade do diretor, que normalmente ouve o diretor de fotografia. Os dois têm que falar a mesma linguagem. Se eles se entenderem bem com esses três conceitos (“aberto”, “médio” e “fechado”) nada mais é necessário. Ajustes finos podem ser feitos com variantes (“um pouco mais aberto”, “um pouco mais fechado”, etc.).

A partir da composição dos planos cinematográficos vemos os signos que eles mostram. Assim possuem uma nova linguagem e registram movimentos.

Um dos elementos fundamentais do conceito de plano é a delimitação do espaço artístico. Assim, antes mesmo de definir este conceito. O mundo do filme, fraccionado em planos, permite-nos isolar qualquer pormenor. O plano adquire a liberdade da palavra: pode ser destacado, combinado com outros planos”. (LOTMAN, Yuri. 1978. Pg 47.).

Cada imagem é um signo, ou seja, possui um significado, logo ela possui uma informação e esses signos na produção cinematográfica estabelecem essas ligações cada vez mais concretas, cada unidade de textos no filme como a visual, a sonora ou gráfica se torna um elemento signo para a linguagem cinematográfica que faz a associação aos conceitos que conhecemos desde o inicio de nossas vidas, assim são exemplificados nos planos propostos para a apresentação oral.

Percebemos que assim como no filme podemos ver,

O mundo do cinema está extremamente próximo da vida. A ilusão de realidade é, como vimos, uma sua propriedade inalienável. Mas este mundo tem uma propriedade estranha: trata-se não da dá realidade completa’’. (LOTMAN, Yuri. 1978. Pg 46.)


Assim a seguir serão analisados os tipos de plano existentes e assim identificando quais se apresentam na construção do filme, destacando seus significados.
Analisando os planos quanto ao movimento no filme, nota-se que os mais utilizados são os planos fixos (onde a câmera permanece fixa sobre o tripé ou outro equipamento adequado, ainda que haja movimento interno no plano, de personagens, objetos, veículos, etc.) e os panorâmicos (onde o plano da câmera, sem se deslocar, gira sobre seu próprio eixo, horizontalmente ou verticalmente). O recurso menos utilizado é o zoom, já que se analisado de um plano geral, parece ser sempre uma mesma câmera, como se fosse apenas um observador vendo todas as cenas, tendo uma distância boa, sem a necessidade de tal recurso.


Cena no estacionamento onde temos o uso do plano fixo.

E o recurso mais notável, o que mais chamou a atenção, foi o travelling (onde a câmera se desloca, vertical ou horizontalmente, aproximando-se, afastando-se ou contornando os personagens ou objetos enquadrados) utilizado na cena inicial, onde o personagem principal encontra-se num momento de aflição/euforia no banheiro antes de subir ao palco.




Primeira cena do filme, onde o protagonista se vê em conflito com si mesmo antes de uma batalha, nesta temos o uso do recuso chamado travelling.

Em relação ao texto analisado, se compararmos o movimento dos planos com o que o texto diz, nota-se o quanto é essencial que os planos sejam fraccionados para que nos seja permitido à análise dos detalhes, como por exemplo, as emoções e as reações dos personagens. E tem-se também que, mesmo que os planos sejam separados, seguem uma linha de pensamento como se fosse uma linha temporal, fazendo com que mesmo tendo vários recursos de movimentos utilizados em uma mesma cena, não se perde o sentido.

Em relação aos planos quanto à distância entre a câmera e o objeto filmado, temos o plano geral que mostra uma paisagem ou um cenário completo, assim pode ser complicado identificar todos os personagens da cena e tem a função de tentar localizar o espectador sobre o filme e ou a próxima cena, o que realmente acontece, nesse tipo de plano que aparece no filme conseguimos notar nitidamente um ou dois personagens como na imagem abaixo.


Cena exemplificando o Plano Geral

Porém, temos também a utilização de planos como: o plano de conjunto (mostra um grupo de personagens), o plano americano (mostra um único personagem), que é um dos recursos mais enfáticos na linguagem cinematográfica. Este é um plano de corpo inteiro mais pode se aproximar chegando até a altura dos ombros, quando ele se aproxima mais é chamado de primeiro plano.


Cena exemplificando o Plano de Conjunto.

Vamos aproximando e chegamos ao plano Close-up, que enfatiza no rosto de um específico personagem, mostrando sua feição, sua emoção em determinados momentos. Aproximando mais, chegamos ao plano de detalhe, que mostra algum objeto, alguma parte do corpo separada, que precise de atenção para explicar a cena anterior ou posterior.


Cena exemplificando Close-Up.

Um dos primeiros grandes a usar esses tipos de planos, mais especificamente o Close-up foi o Griffith, a reação da sala de cinema ao ver esse tipo de plano (lógico que identificando como nos agora). Teve uma reação totalmente nova para época, ficaram assustados ao verem, um enorme rosto focado, na tela de cinema.
Sendo assim, os planos nos permitem destacar, combinar, e agrupar quais querem tipos de imagens e ou cenas no mundo cinematográfico, podendo ser posteriormente reagrupadas em vários sentidos, que são posteriormente unidos na hora da projeção.
                                                
Em planos enquanto a duração, o plano de longa duração se refere a um plano que praticamente o filme inteiro se passa naquele local, um exemplo dentro do filme esta na maioria das cenas se passa com ele e seus amigos no carro.


Cena de Longa duração do filme 8mile.

E o de curta duração é o momento mais rápido que percebemos durante a cinematografia, é como um piscar de olhos, no filme exemplificado é quando o Eminem acorda e vê sua irmã. Uma cena instantânea e rápida aos nossos olhos.


Cena de Curta duração do filme 8mile 

Os tipos de planos quanto ao ângulo horizontal são sempre utilizados nas produções cinematográficas, pois eles se tratam de como a câmera enquadra o personagem ou objeto. O plano frontal no filme está muito presente em cenas que mostra Jimmy em seus dilemas de superação.


Cena onde o protagonista dessa a casa de show depois de não conseguir participar de uma batalha.

O lateral está em cenas que Jimmy está, por exemplo, em batalhas com outros rappers ou até com sua irmã mais nova, cenas de muita emoção.



Cena de uma batalha.


Cena do protagonista com sua irmã mais nova.

O traseiro podemos perceber em cenas que o protagonista está caminhando com seus amigos discutindo sobre seus problemas, cenas onde mostra bem os locais onde a história se passa.


Cena onde o protagonista caminha e conversa com seu amigo.

O plano ¼ está presente em cenas de batalhas, onde mostra a visão que Jimmy tem para o público, passando uma noção maior ao espectador do que este poderia estar sentindo.


Cenas de uma batalha.

E por último o plano 3/4, está em cenas que mostram os personagens bem de perto, passando a emoção do momento, onde o observador possa ver bem suas expressões.


Cena da primeira batalha do filme, onde o protagonista não conseguiu participar.

Para se encerrar a análise, temos os planos quanto ao ângulo vertical. O plano vertical do tipo plongê, ou mergulhado, é um tipo de plano em que a câmera se posiciona acima do seu objeto, que é visto, portanto, em ângulo superior. Este posicionamento da câmera enquadra o ator visto de cima, o que reduz a sua altura, e portanto, é usado em várias cenas do filme 8Mile em que se tem a intenção de reduzir a força e enfatizar a inferioridade do personagem, consequentemente tornando-o mais frágil e vulnerável, como quando o personagem principal (Eminem) teme por sua apresentação antes de entrar no palco, ou quando está sob ameaça de outro personagem em alguma briga ou discussão, ou enfim, quando o personagem se apresenta sob ameaça. Em outras situações, também pode servir para revelar, à grande distância, a topografia de uma paisagem, ou uma ação que se desenvolve num plano inferior em relação à platéia, como nas cenas do palco onde ocorre as apresentações de rap.



Cena em que o protagonista passa mal antes da sua apresentação.

 

Cena de discussão em que apresenta ameaça ao personagem.

Outro tipo de plano vertical presente no filme é o contra-plongê, ou contra-picado, é o plano onde a câmera é colocada abaixo do objeto e o expectador assiste a cena num angulo de baixo para cima. Esse "ângulo baixo", também usado várias vezes durante o filme 8Mile, aumenta a estatura física da pessoa e o seu personagem é colocado em uma posição de superioridade ou dominância, como em uma das cenas onde em uma discussão, um dos personagens sobe em cima de um carro e a câmera o filma de baixo, o colocando como superior e dominante, ali naquele momento. Também pode funcionar para eliminar do quadro elementos indesejados, como outros objetos, pessoas, detalhes do cenário ou mesmo uma ação secundária, por exemplo, quando Eminem está em cima de uma casa em chamas e a câmera mostra ele de cima pra baixo, realçando a altura em que ele está, mas logo em seguida a câmera é abaixada e revela a presença de um carro que serve de apoio pra que ele pule de tal altura.


Cena do personagem em cima do carro


Cena do personagem pulando de cima da casa em chamas

3. CONCLUSÃO

Diante de tudo que foi apresentado neste trabalho concluímos que o trabalho do diretor junto com o diretor de fotografia para escolher o melhor plano para cada cena se torna essencial para o entendimento do espectador. O que foi essencial para dar a dramaticidade que a história exigia. Onde o enredo tenta mostrar a luta de um jovem rapper, que nos mostra sua luta para alcançar o sucesso, onde somente o talento sem esforço não há recompensas, Eminem no filme mostra como se tornou mais forte para conquistar seus sonhos apesar dos obstáculos.
Enfim, com a análise desses planos se entende o porquê desses planos serem divididos de diferentes formas, dos efeitos de câmera adotados e todas essas façanhas empregadas, a visão sobre o filme torna-se outra, nota-se a emoção que é transmitida através do enquadramento, foco e angulação de câmera perfeito.


REFERÊNCIAS

MACHADO, Carlos - A Profundidade de Campo. In: Introdução à Fotografia. São Paulo: Imagem Editora.

LOTMAN, Yuri. Estética e semiótica do cinema. Lisboa: Estampa. 1978. 


Plano (cinema). Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_(cinema)

Artigo Análise de Cores - EMEI Maria Pacheco Rezende

Análise de Cores - EMEI Maria Pacheco Rezende


Olivia Mamede
Graduação em Design pela Universidade Federal de Uberlândia
oliviamds@hotmail.com
Sabrina Arlene
Graduação em Design pela Universidade Federal de Uberlândia
s-arlene@hotmail.com
Shyrlene Mendonça
Graduação em Design pela Universidade Federal de Uberlândia
shyrlenemendonca@hotmail.com
Suelen Silva
Graduação em Design pela Universidade Federal de Uberlândia
sueleen_hta@hotmail.com
Thais Freitas
Graduação em Design pela Universidade Federal de Uberlândia
ladythaiyz@hotmail.com

RESUMO

Este artigo apresenta as ideias e estudos sobre a linguagem das cores no ambiente escolar, com o estudo de caso da Escola EMEI Maria Pacheco Rezende que foi visitada e obteve resultados esperados para este processo de estudo, ao desenvolver deste artigo compreendermos os significados que estas cores dão ao ambiente tanto interno quanto externo.

Palavras-chave: escola, cores, semiótica.


ABSTRACT
                                      
             This article presents the ideas and studies on the language of color in the school environment, with the case study of the School EMEI Maria Pacheco Rezende what was visited and obtained out comes for this study process, in developing this article understand the meanings that these colors give the environment both internal and external.

Keywords: school, colors, semiotics.


1. INTRODUÇÃO

            A partir dos últimos estudos de cores na semiótica obteve-se certa
relevância para a preocupação de cores no ambiente escolar, pois essas alterações definem no aprendizado dos alunos nas escolas, a partir deste embasamento neste artigo vamos apontar aspectos a serem melhorados e aspectos que atualmente satisfazem no local. A escola EMEI demonstra em seu interior a melhoria e os estudos destas cores no espaço e a desenvolver do artigo vamos conhecer estes aspectos da escola.

            Geralmente as escolas que apresentam espaços com boa qualidade podem se tornar fontes de estímulo, de aprendizados e inter-relacionamentos. A atividade lúdica (enquanto caráter de jogo, brinquedo, brincadeira e divertimento) é essencial no processo de desenvolvimento e aprendizagem infantil e um espaço escolar complexo e polivalente se apresenta com um agente facilitador do processo de ensino-aprendizagem.


2. DESENVOLVIMENTO

Para entendermos o processo de escolha das cores, precisamos compreender a sua linguagem e seu ideal para depois ela ser aplicada ao local, então a partir destes estudos podem compreender as cores e suas saturações, brilhos e contrastes no espaço.

Segundo MAZZILLI,

“Na possibilidade de composição de cores em ambientes, a partir de sensações e significados, observou-se a propriedade enfática da cor – geralmente as mais puras e mais saturadas – contrapostas a outras que definem o plano de fundo, no qual cores enfáticas se sobrepõem. Há ainda cores leves (tonalidades pálidas); cores pesadas (tons escuros); cores etéreas (os tons pastéis e a cor da luz); cores materiais (geralmente muito saturadas e cores escuras); cores quentes (da terra e do sol: bege, areia, amarelo, laranja, e vermelho) e cores frias (do mar e do céu: azuis e verdes)”. (MAZZILLI, 2003,p. 80).

Como Mazzilli explica em seu livro a coré um dos elementos da linguagem visual que mais se destaca nos ambientes infantis. A presença da cor funciona como um identificador da dimensão lúdica do. O efeito da cor no ambiente escolar deve ser harmonioso eresultar numa gama de meios tons balanceados, mas ainda com vários “aromas” cromáticos. O objetivo é estimular o processo de conhecimento e identidade do lugar, proporcionando aos usuários (crianças e adultos) variedade e complexidade cromática suficiente e uma percepção rica eglobal do ambiente.

Tornquist apresentou que a cor nas escolas ajuda a regular o comportamento dos alunos, relacionando o seu uso à idade. Segundo ele, cores quentes e acolhedoras e a própria luz quente deve ser utilizada para pré-escolares e cores de baixa saturação e incolores devem ser usadas à medida que as crianças crescem e com isso necessitam de maior concentração. Em ambientes de recreação, cores extrovertidas são indispensáveis para expor emoções e aliviar a tensão.

Para toda a criação de cores na escola seguimos as Recomendações de cores para o ambiente escolar, segundo a Fundação Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) que são as seguintes:

O local deve Distribuir bem a luz no ambiente a fim de evitar a fadiga visual, adverte-se que pelo menos em grandes superfícies como paredes, devem ser evitadas cores como vermelho, excitante e violento; alaranjado; violeta; o branco neve, pois pode produzir o efeito de ofuscamento; o preto que deprime e o marrom (provoca sonolência). Em contrapartida recomenda as cores seguintes em tons pastel: amarelo, verde, azul, bege e cinza pérola;

Cores intensas devem ser usadas com parcimônia pelo seu impacto. Elas podem ser alegres em paredes de ambientes de pouca permanência como circulações verticais ou vestíbulos; As esquadrias e portas podem ter tonalidades mais fortes, e os tetos em branco por seu alto grau de reflexão da luz. Nos elementos decorativos móveis, deve ser concentrado o estímulo das cores fortes, cujo valor pedagógico seráreforçado pelo contraste com os fundos mais neutros.

           A escola EMEI Maria Pacheco Rezende opta na maioria do seu local pelas cores neutras e tons pastéis, poisneste espaço possui crianças de 09 meses a cinco anos que precisam de atenção redobrada então algumas áreas tem espaço com cores lúdicas apara a convivência das crianças e as partes de ambiente restrito possuem tons mais sóbrios e terrosos, para que as crianças entendam o espaço como área de lazer e áreas de estudos, para que futuramente elas entendam que as cores delimitam também círculos sociais dos espaços.
                                                                                            

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cor no ambiente escolar surge como elemento auxiliar no aprendizado das crianças, devendo por tanto, ser harmoniosa e usada de forma correta para causar melhores estímulos.
Diante da escola analisada e comparando suas cores com as cores recomendadas para escolas do tipo, vemos que a escola cumpriu com várias dessas recomendações. Como, o uso intenso de cores em tonalidades leves para maior parte das superfícies verticais. E as cores intensas, que são usadas apenas em ambientes de recreação, em porcentagens dosadas e em contraste com fundos neutros.



Fachada da escola


Refeitório


Pátio


Pátio


Parquinho


Sala de aula


Exterior das salas de aula


Corredor  

A escola opta por esses tons neutros e investe as cores mais quentes e fortes para espaços que sejam menos habitados e apenas para socialização como uma forma de delimitar o espaço em áreas sociais e áreas de ambientação.



REFERÊNCIAS

TORNQUIST, Jorrit. La luz y el color del ambiente.

SANTOS, Elza. Dimensão lúdica e arquitetura: o exemplo de uma escola de educação infantil na cidade de Uberlândia.

Artigo: A Cor nas Escolas Infantis: estudos de um projeto. Das alunas AlineMacedo Queiroz, Aline Soares Côrtes, Letícia Rodrigues Valeriano eVerônica Anselmo Jorge, da Universidade Federal de Uberlândia.

Disponível em <http://www.fnde.gov.br/arquivos/category/129-plano-de-acoesarticuladas-pardownload=2322:estudo-de-cores>

sábado, 28 de setembro de 2013

ANÁLISE CROMÁTICA DO FILME “8 MILE: RUA DAS ILUSÕES”

ANÁLISE CROMÁTICA DO FILME “8 MILE: RUA DAS ILUSÕES”

Anaíssa Caroliny Sampaio Araújo
Graduando em Design pela Universidade Federal de Uberlândia
anaissacaroliny@hotmail.com
Cynthia David Costa e Souza
Graduando em Design pela Universidade Federal de Uberlândia
design.cynthia@yahoo.com.br
Mariah Dezopa Parreira
Graduando em Design pela Universidade Federal de Uberlândia
mariah_dezopa@yahoo.com.br
Patrick Maiko de Souza Mundim
Graduando em Design pela Universidade Federal de Uberlândia

patrick_mundim@hotmail.com

RESUMO

                No cinema diversos recursos são utilizados para que a história ali contada se torne a mais real possível ao espectador, e desperte nele experiências em diversos sentidos. Estes recursos nem sempre são percebidos de forma consciente por aqueles que o assistem; entretanto o estudo da semiótica nos permite analisar estes aspectos e perceber como é possível provocar sensações quando utilizados os recursos corretos. Neste trabalho, destacaremos o uso da cor como recurso cinematográfico, aplicado ao filme 8 Mile: Rua das Ilusões, de Curtis Hanson, inspirado na história real do rapper Eminem, apresentando todo o drama que viveu para atingir seu objetivo de ser um artista reconhecido por seu talento e esforço. Para essa análise, traremos primeiro uma discussão teórica sobre o uso das cores e em seguida aplicaremos essa teoria ao estudo do caso do filme em questão.
Palavras-chave: Semiótica, Cor, 8-Mile, Eminem.

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo abordar a forma com que as cores foram utilizadas como recurso comunicativo no filme “8 Mile: Rua das Ilusões” do diretor Curtis Hanson, responsável também pelo roteiro, e produzido por Brian Grazer, Curtis Hanson, Jimmy Iovine. O filme é ambientado em Detroit, uma cidade norte-americana, e relata sobre a vida do jovem Jimmy, interpretado pelo rapper Eminem que é a real inspiração do filme. Para passar a mensagem dramática e de crise que o personagem principal vive foram utilizados, diversos recursos, dentre eles, destacaremos neste texto o uso da cor, e da forma como as cores foram empregadas ao longo do filme de modo a contribuírem para a transmissão da mensagem proposta.

Primeiramente será feito breve comentário sobre a história que inspirou a obra “8 Mile” para, em seguida, justificar, com base em teorias e estudos de cores, o modo como estas foram aplicadas no filme. 8 Mile: Rua das Ilusões é um filme de atmosfera pesada e sombria, que relata a história de um rapper pobre, Rabbit, que vive em um bairro predominantemente negro, dominado pela violência e pelo preconceito. Rabbit é um dos únicos rappers brancos do lugar, e só consegue se integrar por ser realmente bom. Em meio a isso, ele vive o drama doméstico da mãe que possui um relacionamento complicado com um homem violento, e a irmã de seis anos quem presencia todo o drama que se desenvolve no trailer onde vivem. Ao longo da trama surgem outros personagens, entre amigos, inimigos e um romance com a personagem de Brittany Murphy. Em cada um deles a cor se aplica de uma forma específica e intencional, algo que fica muito claro especialmente quando se trata da garota com quem o protagonista terá um relacionamento e isto será mostrado mais adiante neste trabalho.

Para embasar nossa análise do filme, traremos primeiro uma breve discussão sobre a forma com que as cores são usadas como recursos comunicativos, não apenas em filmes, mas em qualquer outro meio, seja este midiático ou físico, em que são empregadas.

As principais cores trabalhadas no filme foram o vermelho e o azul, e verifica-se que o verde é aplicado em momentos pontuais, mais especificamente ao final do filme, bem como os tons pastéis, que aparecem em determinados momentos, como por exemplo, nas cenas em que a criança e as vistas da cidade aparecem. O vermelho, segundo Pastoureau em “Dicionário das cores do nosso tempo” (p. 160), é a cor por excelência, a cor arquetípica, a primeira de todas as cores. Nesse trecho o autor reforça o peso que a cor vermelha possui, e sua relação com as demais cores. O vermelho possui uma carga emocional que pode ser explicada por questões físicas da luz associadas às fisiológicas do olho, que justificam a agressividade característica da cor. Para o autor de “A cor como Informação”, Luciano Guimarães: 
“[...] o vermelho predominante no campo visual formaria uma imagem mais forte, pois o ponto de convergência dos raios vermelhos estaria atrás da retina, enquanto o azul predominante teria o ponto de convergência um pouco à frente da retina. Assim trabalham os pintores, criando planos de distância e profundidade. O resultado seria, portanto, a agressividade para o vermelho, e a tranquilidade para os matizes azul e cyan”.

Apesar dessa descrição do azul como tranquilidade, é na percepção dos matizes predominantemente verdes que a retina encontra seu ponto de maior sensibilidade, sendo ele a cor que será recebida de maneira menos agressiva, trazendo maior tranquilidade ao nosso ânimo. O vermelho se coloca em oposição ao verde, de modo que o fará em uma união de complementaridade. Além da tranquilidade, na cor verde também se deposita um caráter de esperança, sendo esta reconhecida também como a cor do jogo ou da sorte. Ademais, o verde também pode ser interpretado como a cor da permissão, um caráter adquirido já no século XIX, por sua complementaridade com o vermelho, cor associada à proibição. Por fim, o verde vem como a cor do equilíbrio, primeiro pela sua posição no espectro da luz branca, e segundo por ser a mistura de duas cores simbolicamente opostas, o amarelo e o azul.

Voltando ao vermelho podemos destacar também seu caráter de oposição,

“há um vermelho tomado positivamente e um tomado negativamente, tal como há um sangue tomado positivamente e um sangue tomado negativamente e um fogo tomado positivamente e um fogo tomado negativamente”. (PASTOREAU, Dicionário das cores do nosso tempo, p. 160-1)

                O vermelho, entendido de forma positiva pode significar a cor do amor divino, que busca a força do sangue de Cristo para a cultura cristã. Trata-se, portanto, de um vermelho amarelado, que carrega consigo o calor e o brilho do sol. O amor será representado por um coração vermelho e a saúde por uma cruz da mesma cor. Já sua forma negativa, a cor de Dionísio, como Luciano Guimarães coloca em seu texto, o vermelho vem como a cor do paganismo, do amor carnal, da paixão, do pecado e da proibição.

                Esse aspecto negativo do vermelho pode ser encontrado em vários outros símbolos comuns como a sinalização de trânsito, o cartão vermelho nos esportes, nas tarjas dos remédios, em expressões corriqueiras como “estar no vermelho” quando o dinheiro acaba, ou “vermelho de vergonha”.

            Outra forma de classificar as cores, que está presente no filme a ser analisado aqui, seria a diferenciação entre cores claras e cores escuras. Há duas formas de manipular a informação cromática no que se refere à binaridade claro/escuro: diretamente pela luminosidade natural de cada cor, ou pela atenuação. Para matizes diferentes a luminosidade determina a capacidade que cada cor possui de refletir a luz branca que há nela. Para matizes iguais a atenuação é obtida acrescentando brilho, o que forma as cores mais claras, ou suprimindo brilho, o que leva à formação das cores mais escuras. Assim, um objeto de determinada cor pode parecer mais claro ou mais escuro dependendo do fundo sobre o qual ele é colocado; de forma que fundos escuros clareiam as cores aplicadas sobre eles, e fundos claros escurecem-nas. Para Luciano Guimarães,

“As cores apresentam características de peso, distância e movimento que, combinadas à proporção e localização das formas, constroem uma informação complexa cuja totalidade provoca reações diversas no observador.”

            Uma composição cromática agradável deve ter equilíbrio e harmonia; trata-se de uma necessidade natural da nossa percepção visual, considerando que, no equilíbrio, todas as forças e tensões compensam-se mutuamente, bem como o equilíbrio deve gerar estabilidade. Quando a composição cromática é desequilibrada, as cores mais fracas são induzidas pelas mais fortes e podem adquirir colorações ambíguas e, dessa forma, prejudicar a relação entre as cores.

            Há ainda outro critério, não menos importante do que os já citados anteriormente, que interfere na forma com que o homem percebe as cores. A influência da cultura na percepção visual pode ter um peso tão grande quanto às questões físicas e biológicas. Assim, um mesmo estímulo pode parecer diferente para povos de culturas diferentes. Por exemplo, o preto nas culturas ocidentais pode significar luto, enquanto que na China, o luto é simbolizado pelo branco. O que muda nesse caso é a percepção cultural da morte, e a ela associado o preto ou o branco, no entanto, fisiologicamente falando a percepção da cor é a mesma.

            A partir do que foi discorrido até aqui, traremos uma discussão de como todos esses aspectos cromáticos foram aplicados ao filme “8 Mile”.

2. DESENVOLVIMENTO

            Como foi discorrido anteriormente as cores foram signos utilizados no filme “8 Mile” com a função de destacar, de alguma forma, personagens, elementos, momentos, espaços, cenas,  dentre outros. Desse modo, as informações cromáticas presentes no filme atuam como auxiliares para facilitação e melhoramento da leitura do filme e da ocorrência das situações retratadas na história e a ênfase que elas merecem no mesmo.

            Em todo o filme, percebe-se que existe a preocupação de relacionar as cores com as situações decorridas na história que, por ser uma história quase autobiográfica, possui o peso visual reforçado também pelo uso constante das expressões faciais das personagens, acompanhadas ou não do foco de luz, dependendo da intenção pretendida na cena, bem como pelo espaço, pelas condições climáticas e por todos os outros elementos que auxiliam na composição de um conjunto cinematográfico adequado para o desenvolvimento da história e que permitem analisá-lo criticamente.

            Por isso, na análise que faremos, focaremos na composição cromática das cenas, a partir das cores empregadas nos locais e ambientes em que o filme ocorre, bem como no vestuário das personagens e na forma com que o jogo de luzes e/ou penumbra é utilizado.

                            Uso de luz e/ou penumbra nos personagens.

                        Como já dito, a história se passa no subúrbio da cidade de Detroit, local onde a presença de conflitos socioeconômicos é predominante. Logo, podemos perceber que a paleta utilizada para a representação deste espaço é composta por cores e tons mais escuros, contendo tons terrosos com a inserção de tons pásteis. Esta paleta constitui a paleta padrão do filme em questão, uma vez que caracteriza e representa eficazmente o cenário escolhido para se retratar a história.

            Um bairro periférico de uma cidade grande dos EUA, na qual a tristeza, a precariedade, a violência, a falta de condições dignas de sobrevivência dos habitantes, as dificuldades da vida, as intrigas e disputas e os conflitos da vida pessoal e profissional do personagem principal fazem parte e caracterizam a realidade dos moradores locais. Assim, percebe-se que para transmitir essa atmosfera pesada de uma realidade dura e sofrida, a cidade de Detroit é sempre reproduzida com um céu cinzento, poluído e escuro, bem como as construções e toda a configuração urbanística apresenta cores dessaturadas, em tons pastéis, o que substancia a ideia de solidão, pobreza e reclusão de certa região urbana.

Imagem do subúrbio de Detroit.

            No que diz respeito aos costumes, o vestuário no cinema pode ser utilizado como uma máscara social utilizada para descrever a personalidade e o estilo de cada personagem, caracterizando-os. Isto ocorre no filme em análise, já que podemos perceber a procura em transparecer os sentimentos das personagens através de elementos estéticos, movimento, posição social, cores e texturas e, desse modo, conferir maior credibilidade para a história contada. Por esse motivo, analisaremos também os figurinos das personagens e a interpretação que se quer obter com os mesmos, assim como o modo como deve ocorrer a percepção do público a respeito de cada um.

O personagem principal, Jimmy (B-Rabbit), interpretado pelo ator Marshall Bruce Mathers III (Eminem), aparece em todo o filme utilizando uma sobreposição de roupas escuras e claras, mais especificamente, o azul e o branco, o que cria uma paleta cromática quase que única para este personagem. Esta atitude adotada pelo autor cria um contraste com a paleta padrão do filme, de forma que o uso deste recurso confere foco ao protagonista.

Assim, o espectador é capaz de identificar a imagem do protagonista como um jovem morador da periferia, honesto e humilde, que anseia por melhores condições de vida e possui uma paixão e um sonho, o de se tornar um rapper conhecido e reconhecido pelas rimas que cria; as quais contam a sua dor, a sua história, a sua realidade e a de toda uma parte da sociedade que é banalizada e tem que convivem com o descaso de outrem; ou seja, suas letras constituem uma crítica social. Entretanto, percebemos que em contraponto com as cores do seu vestuário, o seu semblante sério, muitas das vezes assustado, sofrido, distante e que não demonstra nenhuma felicidade, se mantém na maior parte do filme e robustece o que a paleta padrão do filme, ao dar ênfase na sua condição dramática de vida e nos conflitos pessoais e sociais que o mesmo e outros indivíduos da sociedade que se encontram na mesma situação que a sua, enfrentam.

                            Imagens do protagonista.

Podemos perceber também o uso intencional da cor vermelha associada à personagem Alex, interpretada por Brittany Murphy, uma moça que sonha em ser modelo, e possui porte físico atraente e personalidade forte; com quem o Jimmy B-Rabbit tem um romance ao longo do filme. À medida que o relacionamento evolui, e que o sentimento e a paixão tornam-se explícitos, mais a cor vermelha se torna presente e intensa. Então, de acordo com as características e peculiaridades dessa personagem, pode-se relacioná-las com a força, a energia, e a intensidade da cor em questão, que passa a aparecer em suas roupas e maquiagens, reforçando e evidenciando o seu lado sensual e sedutor, como forma de simbolizar a paixão, o desejo e a força desta personagem, que ao concomitantemente se contrapõem e afrontam ao protagonista.


Imagem em que o vermelho encontra-se presente no vestuário e cosméticos da personagem.

            O vermelho também aparece, junto com o amarelo, em uma cena marcante do filme, na qual os jovens queimam uma casa do bairro onde ocorrem crimes de estupro. O uso dessas cores, neste momento específico, simboliza uma passagem, um alerta social, um apelo por mudanças e transformações, uma tentativa dos adolescentes de fazer um bem ao próximo, que chegam até mesmo a se sentir heróis pelo fato de estarem oprimindo e evitando que pelo menos um dos atos de violência com os quais convivem todos os dias continue a ocorrer. Isso demonstra que eles não compactuam e não querem se ver como testemunhas dessa situação e, por isso, agem dessa forma.


Imagem em que as cores vermelho e amarelo ressaltam o poder de transformação do fogo.

          Outra cena em que o vermelho encontra-se em destaque e que merece ser comentada é a de uma balada em que os jovens encontram-se na pista de dança e que a personagem Alex procura se mostrar para Jimmy (B-Rabbit) para seduzí-lo. A cor, neste caso, intensifica e reafirma as reais intenções da garota, simbolizando o desejo, a sedução, a paixão e o amor carnal.


                          Imagem em que o vermelho abrange toda a cena.

            Apesar dos tons escuros estarem presentes em todo o filme desde a configuração do espaço até o figurino que as personagens utilizam, que a fim de consagrar e embasar todo o conflito psicológico, social e espacial conturbado vivido pelo protagonista; percebe-se também que o emprego dessas tonalidades reflete a intenção de mostrar um conflito interno e externo, de modo que as cores e tons mais escuros são empregados para reafirmar o lado sombrio da maldade, da pobreza e da frieza presentes no filmes, também estão presentes nas roupas e acessórios dos inimigos da personagem principal. Assim, roupas, carros, armas, e vários outros elementos e objetos que compõem as cenas apresentam-se no preto, remetendo e reforçando a ideia de perigo, brigas entre gangues, conflitos e situações de tristeza que pairam o ambiente e a situação de vida das personagens.

  Imagens que demonstram as cores escuras das vestimentas dos amigos do protagonista.

           Em contraponto com esta paleta e este clima pesado, são nas cenas em que a irmã de 6 anos de Jimmy (B-Rabbit) aparece, os únicos momentos em ele esboça alguma sensação de alívio, conforto, proteção, cuidado, amor e felicidade. E com o propósito de enfatizar isso, adota-se para estes momentos uma paleta de cores que contém tons suaves, ainda que pastéis e dessaturados, mas com cores claras, promovendo uma quebra no viés sombrio e triste da história, ainda que se perceba a permanência de certa penumbra nas cenas. Com isso, o ambiente em que se insere a criança torna-se mais tranquilo, suave, e prevalecem as cores como o azul e o rosa de suas vestimentas, cores que remetem ao lado angelical, doce, puro, sereno, alegre e ingênuo da criança. Ademais, os brinquedos do quarto da menina, ainda que possuam cores mais fortes e vibrantes, sempre aparecem foscos, sem brilho, para não deixar que o espectador se esqueça de que aquele ambiente ainda encontra-se inserido no contexto do restante do filme.
  Imagens do vestuário da irmã do protagonista.

           No trailer onde mora o protagonista e sua família, apesar de ser o local onde ocorrem todas as reações de afeto expressas pelo protagonista, devido ao seu cuidado, carinho e sentimento de proteção em relação à sua irmã, ainda criança; é o mesmo no qual são vivenciadas as brigas entre mãe e filho, mãe e padrasto e vice-versa, o que retoma para o lado sombrio da história. Entretanto, apesar disto, neste ambiente ocorre o emprego de uma paleta cromática diferente das adotadas no restante do filme, na qual estão presentes cores e tons quentes, como por exemplo, o marrom que se destaca e tem o intuito de simbolizar os sentimentos e sensações de aconchego, sossego e acolhimento, uma vez que, independente da situação em que vivem, este ambiente é, antes de tudo, um lar que, mesmo sendo conflituoso, é reconhecido por Jimmy (B-Rabbit) como a sua casa, o local no qual ele procura se sentir acolhido.

Imagem dos personagens no trailer.

3. CONCLUSÃO

            Como discutido, evidencia-se que no filme “8 Mile”, a cores foram utilizadas para reforçar e garantir que a mensagem que o filme deseja transmitir seja comunicada de forma eficaz. Assim, percebemos que ocorre uma forte correlação e cuidado com as paletas cromáticas usadas na composição das cenas e com a mensagem que se quer passar em cada momento do filme.

            Assim, podemos afirmar que as cores foram cuidadosamente e muito bem pensadas para serem utilizadas em todo o filme, a sendo usadas como recurso de transmissão da informação e amarrando todo o enredo da história. Isso faz com que o espectador capte a atmosfera que se quer passar e compreenda com maior clareza e mais diretamente a mensagem e a crítica social do filme.


REFERÊNCIAS

[1] GUIMARÃES, L. A cor como informação: a construção biofísica, linguística e cultural da simbologia das cores. São Paulo: Annablume, 2003, p. 53-137.

[2] LOTMAN, Y. Estética e semiótica do cinema. Lisboa: Editorial  Estampa, 1978, p. 9-57.